Não foi tão ruim quanto eu achava que seria. A história segue bem até certo ponto, mas depois que Will atinge Brightswood a ambição das ideias é tanta que abre espaço para diversos questionamentos e percepção de potenciais incoerências. Quando Will chega no ponto de controlar a matéria eu o vi como Deus. Onisciente, onipresente, onipotente. E por vê-lo assim cogitei que ele perdeu sua natureza humana, seu emocional, tornando-se completamente racional. E é isso o que Hollywood sempre prega para seus personagens muito inteligentes.
Mas isso provou-se errado. Durante todo o filme os humanos cogitaram que o Will que eles conheciam não era o mesmo que a inteligência artificial, por isso agiram como agiram. Mas se Will tivesse sido claro como foi com sua mulher no leito de morte, creio que nada daquela confusão e sacrifício teria ocorrido. Pra mim, aí mora uma incoerência. Em grande parte do tempo ele pareceu muito manipulador, daí o medo e o incômodo de quem não compartilha do mesmo poder. Hoje não temos esse tipo de poder acessível, palpável, visível... Talvez por isso não nos unimos em nome de um bem comum.
Se ele era tão onisciente, onipresente e onipotente ao ponto de não perder sua natureza humana, ele devia tê-la demonstrado mundialmente muito antes de ter sua mulher sacrificada. Se Will compartilhasse do poder, assim como desejava (partindo do principio que ele não estava sendo desonesto e manipulador) com a mulher, talvez o restante dos humanos tbm poderiam ser virtualizados. A raça humana evoluiria com nunca antes evoluiu. Se a Terra é o ponto comum dos humanos, a virtualização da consciência será mais um ponto comum neste próximo nível evolutivo. Viveríamos (pra sempre?) na nuvem ou como bem entendêssemos, uma vez que manipularíamos a matéria. Se a natureza humana de Will teve lugar em sua evolução tecnológica, não deixaríamos de ser humanos, só acrescentaríamos a palavra transcendental ao que somos.
Sensibilidade, compaixão, afetividade. Comportamentos humanos que Will demonstrou só no final do filme, e que não foi questionado desde sua virtualização. Will perguntava o que sua mulher estava sentindo, sua mulher nunca o perguntou se ele a amava. Natureza humana só no leito de morte é sacanagem. Imagino se um humano com amplo acesso a informação perderia os sentimentos. Lucy mostrou isso.
Não vi muita lógica em ele ter deixado resíduos tecnológicos... Não deveria estar tudo desligado uma vez que o vírus desativou Will? Ou Will tinha um backup? Ou talvez seja Hollywood e sua mania de deixar portas abertas.
Essas histórias de inteligencia artificial, virtualização da consciência, manipulação da matéria e tals me encantam, mas não me deixam cego. As ideias do filme são ambiciosas, divinas e causam bastante reflexão, mas quem eu amo mesmo é a Scarlett, tanto em pessoa quanto apenas em voz. <3
P.S.: E o Deus ali é o Morgan Freeman, nem vem, Sr. Depp! rs