terça-feira, 19 de março de 2013

Sobre o piloto de In The Flesh

Só eu pensei em uma piada pesada que você não diz em público?
Considero-me suspeito pra falar de algo com zumbis, já que tenho uma queda pelo universo dos mortos vivos e o drama dos sobreviventes em um apocalipse, mas estou completamente surpreso e feliz com o piloto de In The Flesh. Uma nova porta, do meu quarto da imaginação, se abre, e dessa vez eu vejo o lado de um "parcialmente morto" (Partially Deceased Syndrome).

Gostei do drama que Kieren e os portadores da Síndrome do Falecimento Parcial passarão em sua volta ao convívio em uma sociedade não portadora. O julgamento que os não portadores da cidadezinha de Roarton possuem é compreensível, mas muito extremo. Foi em Roarton que surgiu o FVH, sigla para Força Voluntariada de Humanos, uma espécie de grupo de sobreviventes que defenderam a comunidade de Roarton nos tempos da Ascensão. Se eu entendi bem, Ascensão foi o nome dado ao acontecimento dos mortos vivos.

O medo dos não portadores é compreensivo, já que a cura dos portadores da SFP não é efetiva, assim, se não medicado diariamente, o portador da SFP voltará a atacar. Mas, imagine a seguinte situação. Você e uma pessoa (da qual você gosta muito) estão em um AZ (Apocalipse Zumbi). A pessoa é infectada (sabe-se lá como). Você a mataria ou administraria um tratamento eterno? Acredito que você faria a segunda opção, uma vez que o tratamento é efetivo.

Isso faz com que uma cena presente (composta por um hipócrita, mas que dá pra compreender) nos minutos finais do episódio doa no coração de todos aqueles que sabem o que é gostar de alguém, e que em nenhuma hipótese gostaria de perder esse alguém. E acredito que é nessa cena que a série mostra a que veio. Sabe aquele nó na garganta, DAQUELA cena do fantástico/angustiante filme Amour? Pois então, ele voltou.

A questão é que os não portadores parecem não entender que os portadores do SFP só atacavam porque estavam sofrendo da SFP, nenhum portador escolheu ser portador, até onde sabemos da história. Precisamos saber se a síndrome é adquirida voluntariamente ou não. Sem ter conhecimento disso fica difícil matar um portador que está em tratamento e quem não tem vontade alguma de fazer mal a outra pessoa.

Mas esse medicamento durará pra sempre? A resposta TERIA que ser sim, pois do contrário a merda ia bater no ventilador novamente, e ninguém quer que isso aconteça novamente.

Achei extremamente interessante o porte de armas algo totalmente comum. Quem não tiver um pedaço de madeira com pregos na ponta, ou uma serra elétrica, ou talvez uma magnum, deve ser o cara mais noob do universo, até a sua avó teria um facão.

O que dizer então da perspectiva religiosa? Um dos reverendos/padre/pastor/whatever se sente o “pica dos deuses”... O que dizer então do governo? Coisa de primeiro mundo aquela rehab. Pare e imagine se haveria um rehab de zumbis aqui no Brasil. Conseguiu? Difícil, certo? Ia ter no máximo uma “bolsa whatever”. Quero ver na copa... Mas falando sério agora. Seria algo extremamente “humano” reabilitar os portadores. Você consegue ver um paralelo com os usuários de drogas e ex-presos? Pois é, ta aí sua reflexão do dia.

Voltando a “nova porta, do meu quarto da imaginação, se abre” gostaria de acrescentar que a principio achei a ideia estranha, tipo Warm Bodies (na questão de voltar ao normal), que ainda não assisti. E volto a dizer que estou muito contente com o piloto. Tem drama? Sim. Esse drama é bom? Sim. Convence? Sim, basta abrir a sua mente. Por fim, o final possui um gancho excelente, onde a hipocrisia é algo latente. Um bom drama, eu recomendo.

P.S.: Já posso dizer que estou ansioso por um prelúdio detalhado da Ascensão?
P.S.: Eu ri quando ouvi “parcialmente morto”.